Os temas são, na sua maioria, reinterpretações da banda sonora da peça “Lulu”, do dramaturgo Frank Wedekind, que o próprio Lou Reed escreveu. No início do projecto ponderou-se a regravação de alguns temas obscuros de Reed, mas foi decidido avançar-se com a banda sonora em questão.
O visionário mentor dos Velvet Underground afirmou, em defesa do álbum, que havia sido conseguido um casamento perfeito e no qual se deparou com a perfeição. As reticências quanto ao papel dos Metallica foram clarificadas pelo guitarrista Kirk Hammet: «Não se sente que sejamos a banda de Lou Reed, mas que somos uma banda diferente, numa situação na qual nunca estivemos», enquanto Trujillo afirmou, na altura, que viu a banda crescer com este trabalho.
“Lulu” não merece a “porrada” que tem levado, e também não necessitaria do zelo dos seus autores na sua defesa, pelo simples facto de ser um álbum do cacete. Quer conceptualmente, quer musicalmente, consegue responder à história que narra, desde os seus sonhos, estados emocionais e relacionais, capaz de dinâmicas musicais que nos conduzem desde a calma à esquizofrenia. Nesses momentos nota-se a condução de Lou Reed, num estilo que foi sempre seu, e os Metallica acrescentam qualquer coisa a este disco, para lá do simples sentido de risco ou de procurar chocar sensibilidades auditivas.
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Aliás, quando Reed foi postumamente induzido no Rock and Roll Hall of Fame, Laurie Anderson, a sua viúva contou no discurso de entrega do prémio que Bowie era um fã acérrimo do disco. «Foi um enorme desafio [fazer o álbum] e custa-me ouvi-lo. Possui demasiados conflitos e muita radiância. Após a morte de Lou, o David Bowie fez questão de me dizer: ‘Escuta, este é o melhor trabalho do Lou. A sua obra-prima. Dá-lhe tempo e será como o “Berlin” [o álbum de 1973 de Lou Reed]. Vai demorar um pouco a assimilá-lo».
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