O risco e o desafio estão longe de ser estranhos a Vítor Rua, musicalmente falando. No seu currículo, o músico, produtor e compositor soma a formação dos GNR, em inícios da década de 80, e pouco depois dos Telectu, estes últimos uma das referências, dentro e fora de portas, de fusões avant-garde entre domínios do jazz ou eletrónica.
Nos últimos anos, esteve na origem da ORGanização (da qual fazem parte João Peste, Cláudia Efe ou Anabela Duarte) e do Double Bind Quartet (com Carlos Zíngaro, Luís San Payo e Vera Mantero), projetos mais ligados ao rock, ou ainda do Laço Eterno, que parte do fado (com Aldina Duarte, Carlos Zíngaro e Carlos Barreto), mantendo em paralelo colaborações regulares com os universos do cinema, teatro, dança, vídeo ou poesia.
Denominador comum? A relação com a música improvisada, praticamente indissociável do seu trabalho e elemento com particular relevância em “Heavy Mental”, o seu novo disco a solo, segundo nos contou numa entrevista telefónica. O álbum parte de uma guitarra eletroacústica de dezoito cordas, desenhada pelo próprio e construída por Gil Oliveira, “que junta a guitarra de nylon de seis cordas com a guitarra de 12 cordas, tudo num só braço”, explicou. “Este disco é o resultado de, no dia em que fui buscar a guitarra, chegar a casa, sentar-me, ligar o gravador, afinar a guitarra, por os auscultadores e começar a tocar. Foi o primeiro contato real com a guitarra, uma improvisação em tempo real que resultou num disco”.
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Tal como esse sucessor (que, na verdade, foi gravado antes), “Heavy Mental” tem outras particularidades além da forma como foi criado. “É um trabalho totalmente fora daquilo que habitualmente desenvolvo com os Telectu – por ser melodioso, harmonioso e com um tema que vai variando ao longo de 30 e tal minutos. E precisamente por ter os Telectu, muitas coisas que fazia a solo iam ficando de parte, até porque eram intemporais – não me preocupava muito se saíam na altura ou dez anos depois”, recordou.
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