O modernismo “clássico” foi definido na obra do crítico inglês do século XIX, Matthew Arnold. Para Arnold, a poesia deve se propor a si mesma como “criação”, como a invenção de todas as coisas, Adão no nascer da manhã. O poeta moderno é aquele que nomeia as coisas, finalmente, pelo que são e o modernismo é, acima de tudo, a afirmação de uma verdade literal, desfazendo as figuras e os artifícios que aprecederam. Esse desejo de pureza é depois trabalhado em vários graus de ironia pelos poetas modernistas, transformando-se numa resistência ao Romantismo, apontado como arte caduca.
A noção de modernismo de Arnold não é a única, sendo que os seus descendentes estão espalhados por toda a história da arte e da crítica moderna. A respeito da força alternativa de uma tradição alemã (criada na primeira geração do Romantismo), ou da percepção aguda das ambivalências em Baudelaire, Stendhal e Berlioz, ou mesmo de Walter Pater e seus seguidores (Wilde, Yeats, Joyce) – as ideias de Arnold, adaptadas a novos interesses e transmitidas, então, pelo poeta Eliot, permanecem vigorosas até hoje. Transposto para a música e reduzido a um esquema grosseiro, mas usual, é assim que se concede o modernismo do primeiro Stravinski, o herói pagão danova música. Ao contrário de Schönberg, que jamais nega a sua dívida para com atradição, Stravinski surge no início do século XX supostamente como o profeta da amnésia.
Em “Rima”, Samuel Jerónimo nega a compartimentação do tempo ao unir o passado ao presente, num exercício em que o risco sentido no presente se atenuará no futuro. O próprio nome da peça ilustra a ligação de dimensões temporais passado – presente ou presente futuro, as quais estão dependentes entre si.
Avaliações
Ainda não existem avaliações.