O CD Ultimaton, de Zul Zelub, é um dos exemplos mais relevantes da aplicação da energia musical irrealizada à criação musical, resultado de muitos meses de trabalho. O objectivo nunca foi a criação de entidades fixas, ou “composições” potencialmente repetíveis. Ao invés, o processo consistiu numa miríade de descobertas: a descoberta do outro, a descoberta da escuta, a descoberta duma mediação intratextual capaz de articular um discurso duplo, incluindo piano e música informática…
Se é verdade que qualquer dos temas musicais resulta de uma improvisação única e irrepetível, também não é menos verdade que essas improvisações teriam sido impossíveis sem uma cumplicidade subterrânea, que se sedimentou com o passar dos anos. É importante relembrar que a base de entendimento do grupo Zul Zelub era acima de tudo conceptual. Tratava-se de uma questão de afinidades, ou de modos compatíveis de observar o mundo (e a música).
Este CD tem raízes no misterioso Livro de Urântia, de onde resultam os nomes das várias faixas. Como se afirma no manifesto da energia musical irrealizada: “No misterioso Livro de Urântia, nome dado ao nosso Planeta e ao primeiro humano que se adivinhou a si mesmo, a Música, entendida como vida, evoluiu da vasta diversificação da energia-matéria ao reino do irrealizado”. Da Teosofia à parapsicologia, procurou-se uma ‘telepatia’ musical criativa e uma ‘telecinésia’ do material sonoro.
Avaliações
Ainda não existem avaliações.