O segundo álbum da Banda do Casaco já não tem Carlos Zíngaro na formação, mas o seu nome aparece ainda na ficha técnica como colaborador (ou seja, como alguém que co-labora, que trabalha também para o objetivo comum). E, curiosamente, se a “Morgadinha dos Canibais” (canção que abre o disco) é capaz de ser o tema mais presente na memória de quem ouviu este álbum em 1976 ou durante os revolucionários anos setenta, já o “Canto de Amor e Trabalho” (a canção que abre o lado B deste longa-duração) é uma daquelas coisas inimagináveis pelas tendências musicais da época, apresentada como uma cadência de lengalenga que incorpora sonoridades que a erudição ditou como “musique concrète”, como colagens e manipulações de sons da vida real – que coisa tão extraordinariamente bela! Mas o encanto do disco não acaba aí, já que, entre outras mais, a canção de fecho, tradicional de Trás-os-Montes, de título “Cantiga d’Embalar Avozinhas”, é de uma beleza também extrema, que se esgota em menos de dois minutos de subtileza e profundidade.
A música da Banda do Casaco não é uma coisa dos anos setenta. É e será sempre, simplesmente, uma coisa… do arco-da-velha!
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