O novíssimo “Opus Macaronicorum” marca a estreia discográfica do duo formado por dois notáveis músicos que ainda aguardam por um mais amplo e justo reconhecimento, António Chaparreiro e Pedro Alçada. O primeiro vem desenvolvendo a sua actividade nas áreas da música improvisada e do experimentalismo, tendo colaborado repetidamente com figuras como Ernesto Rodrigues e Emídio Buchinho. Alçada divide a sua atenção entre o pop-rock independente, em projectos como Coty Cream, e as mesmas linguagens do seu parceiro neste CD, ao lado de músicos como Paulo Alexandre Jorge e Carlos Ferrão, entre outros.
O que aqui vem é uma colecção de peças regra geral de curta ou mesmo curtíssima duração (13 ao todo, desafiando a superstição), associando a guitarra eléctrica de Chaparreiro e a bateria de Alçada, que também aqui acrescenta apontamentos de flauta barroca e harmónica. Ao longo do disco vão variando as preparações e os processamentos de sinal da guitarra, bem como as referências de estilo – há por aqui ecos de Robert Fripp, Fred Frith, Derek Bailey e Keith Rowe, mas não passando disso mesmo, dado o carácter muito pessoal das abordagens de António Chaparreiro. Este tem um som claramente alicerçado no rock, mas a sua propensão exploratória liberta-o de qualquer fidelidade a esse idioma. O mesmo se pode dizer de Pedro Alçada: se este não tem o mesmo tipo de jogo jazzístico de muitos bateristas da improvisação, também vai mais além do primado rítmico introduzido neste circuito por quem transitou do rock, entregando-se a um trabalho textural. Daí resulta uma música inquieta e questionante que nos mantém alerta do início ao fim, com ideias e desenlaces que muito frequentemente nos surpreendem.
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