A loja da audEo

 

Vinda de uma América que muda de “15 em 15 minutos”, Laurie Anderson apresentou-se acompanhada pelo grupo Sex Mob, liderado pelo trompetista Steven Bernstein, fazendo suas as vozes do descontentamento.

Foi assim que o Rivoli, Teatro Municipal do Porto, apresentou a estreia nacional de “X²”, de Laurie Anderson: “Em novembro, o TMP acolhe uma viagem sonora e visual de Laurie Anderson, uma das vozes mais inovadoras da arte contemporânea, acompanhada pela banda nova-iorquina Sex Mob, liderada por Steven Bernstein, com Briggan Krauss, Tony Scherr, Kenny Wollesen e Doug Wieselman. Uma viagem onde palavras, música e imagens se multiplicam, refletem e transformam. X² é uma performance delicada e avassaladora em que a artista apresenta histórias, elementos multimédia e experimentação. Laurie Anderson, nomeada cinco vezes para os Prémios Grammy, é escritora, música e artista visual, tendo criado obras inovadoras que cruzam teatro, música experimental e tecnologia.”

Estivemos lá. Vimos, ouvimos, participámos e aplaudimos.
Para alguns de nós, do nosso pequeno grupo, era já a terceira vez que víamos em palco, em Portugal, Laura Phillips Anderson, a tão apreciada artista multimédia norte-americana conhecida como Laurie Anderson, consagrada muito tempo antes de ter casado com Lou Reed, infelizmente já desaparecido, que ela evocou entre tantos outros nomes de artistas, músicos, escritores e pensadores que também nos dizem muito.

No final do excelente espetáculo combinámos entregar ao António Jorge Quadros a escrita de um pequeno texto que reportasse o nosso sentimento, e em particular o dele, após o acontecimento. Ficou assim:

Laurie Anderson, Porto, Teatro Rivoli, 12.11.2025

Ver uma lenda viva é um acto de devoção.
E é. E é. E é. E foi.
Exorcizando fantasmas familiares e da América – a América que até há bem pouco tempo era chamada de América. Metendo-se com as imperfeições da Inteligência Artificial. Parafraseando nomes geniais (Dylan, Cage, Russell, Stein, Ginsberg, etc.).
Gotas de chuva, letras, números, palavras, palavras, a linguagem é um vírus que veio do espaço. Big Science, Hallelujah, every man for himself. Não tardou a confirmar-se a profecia.
‘Why is everybody so angry?’
Quando esteve só ela e o seu violino, no escuro, até os ossos se me arrepiaram. ‘What happens when you lose your country?’.
Conselhos para se ser feliz. E sobretudo, ser-se gentil. Não está ao alcance de todos. Diz o casaco sonoro.
O mundo a desmoronar-se. Palavras que são proibidas nos Estados Unidos da América.

E queriam um ‘encore’ simples?
Tai Chi.

Laurie Anderson é uma lenda. Sabe bem ao mundo ainda tê-la viva.

Texto e imagem CC BY 4.0 Deed // António Jorge Quadros

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